NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

AMARGO
NALDOVELHO

Fico em silêncio remexendo em meus guardados,
em minhas memórias, em minhas histórias.
Luz do quarto apagada
e um certo perfume toma conta do ambiente.

Olho pela janela, lá fora chove,
chuva fina e impertinente.
Aqui dentro a lágrima, teimosa e insistente.

Faz tempo mandei a saudade ir embora.
De nada adiantou, ela não foi!
Já não bebo mais, Martines
e o que ficou foi o vazio...
Vazio das tardes sonolentas.

Rádio e televisão desligados,
um livro chato fechado sobre a mesa.
O título? DA JANELA DO MEU QUARTO.
O autor? Já não o reconheço!
Provavelmente um romântico,
um desses que o vazio desses dias calou.

Acendo um cigarro e o que eu trago é amargo...
Melhor pintar um novo quadro,
mais uma paisagem deserta,
gélida e monocromática.
Violão nem pensar!
Os acordes teimam em me contrariar.

Daqui a pouco anoitece,
vou para a janela do quarto,
já não chove!
Melhor parar de pensar.

Da casa vizinha, janela ao lado,
o som de um piano incomoda
e toma conta do ambiente.
A mesma música de sempre:
“Eu sei que eu vou te amar,
por toda a minha vida eu vou te amar”.

Temo que esta música
nunca mais vá parar de tocar!

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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