O SENTIDO DOS MEUS VERSOS
NALDOVELHO Quando aprendi a escrever versos, comecei a fazê-los em silêncio, imperceptíveis se olhados por fora, claros se percebidos por dentro. Aprendi a falar sobre o tempo, do amor que trazia em meus olhos, que por mais que eu olhasse por horas, nunca perceberam-me o intento. Quando me vi no umbigo em clausura, comecei a olhar os de fora, vi que a dor que se sente, não é entre nós tão diferente. Aprendi a falar sobre o engano, como quem fatia o corpo em postas, e que a vida é feita de perdas, que ensinam a abrir novas portas. Quando recebi alvará de soltura, fiz do verso a amplitude da loucura, viajei por enredos estranhos, todos eles em desalinho. Aprendi que os anjos são eternos, e que a colheita se faz nos caminhos, sementes de poesia em versos que alguém por aqui nos deixou. Quando resolvi ser poeta, sabia da solidão a que me impunha, quis ser anjo, ser sonho, ser terno, semente a ser colhida ao seu tempo. Aprendi que o sentido do verso, é ser parte da existência, no alicerce, ainda que nem saibam o meu nome, e as minhas palavras se percam depois. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
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