NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

O POEMA SE ALIMENTA DE ESCOMBROS
NALDOVELHO

Vivo de destruir memórias,
sonhos nostálgicos, lembranças, histórias;
tudo muito bem demolido,
até que fragmentos possam
ceder os significados
que os versos pretendem.
Papel em branco sobre a mesa,
o poema se alimenta de escombros.

Vivo de desconstruir muralhas,
de me perder em caminhos, atalhos,
de submergir em águas revoltas,
e ser levado por corredeiras
até desaguar em algum canto,
meio náufrago, meio lama,
meio poeta, meio escombro,
e renascer de mim outra vez.

Gosto de me aprisionar em teias,
lutar, sobreviver à aranha,
e ainda que entorpecido pela peçonha,
romper amarras, atravessar fronteiras,
beber o antídoto das mãos de uma Iara,
e sob a luz da lua cheira
ver dissolvidas as dores
cristalizadas em mim.

Gosto de ser farpa espetada que arde,
erva curtida em veneno de serpente,
chuva que molha a vidraça por dentro,
vento que move o moinho ao contrário,
guardião da palavra, fiel depositário,
cantiga, toada, lamento, procura,
coisa maldita, inquietude, loucura,
candeeiro aceso no meio da imensidão.

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
Alterado em 18/05/2009
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