LONGE DE VOCÊ
NALDOVELHO Longe de você todos os dias serão nublados, as manhãs cinzentas, as tardes sonolentas e as noites chuvosas com madrugadas barulhentas que é para não se conciliar a insônia com o sono, e ao amanhecer com olheiras ficar patente o abandono que o poeta costuma viver. Longe de você a fumaça do cigarro se mistura com a poluição do ambiente e o pulmão reclama doente por conta de um respirar afrontado e do bater de um coração acelerado que só faz viver desanimado por não querer mais sofrer. Longe de você todo o amanhã será passado e passará assim tão calado que não dará a perceber aquilo que eu tinha pra viver. Longe de você o que como não saboreio, o que bebo se faz amargo, e o que cheiro, rejeito enjoado, e me dá um fastio danado, coisas de um apaixonado, desses que dá dó de se ver. Longe de você o violão se cala desafinado, a poesia perde o encanto e a magia do novo, do surreal, do inusitado e o que se vê é só lamento, é solidão, é desentranhamento, de viver tentando um remédio, uma vacina, um antídoto para o tédio de viver sem você. Longe de você já não quero saber de outra dança, se alguém convida, eu recuso! Digo que estou cansado, peço licença e saio apressado, volto para o meu quarto tão frio, e deito, assim solitário, pedindo a Deus para parar de doer. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
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