MANIA DE POETA
NALDOVELHO Vontade de esculpir versos, aparar arestas, excessos, cortar palavras, algumas, polir outras, em suma: dar brilho aos significados. Mania de poeta que teima em dissolver lágrimas, faz tempo, cristalizadas, ao revelar segredos, guardados, ao desfazer em nós os nós. Mania de curandeiro que cisma em cicatrizar feridas, que cura entorses, contraturas, gasturas, gastrite, artrite, colite, e se duvidar, espinhela caída. Aperto no peito, então? Logo-logo, respiração aliviada, pois toda a aflição e tortura, vira tema de poema, no papel, exorcizadas. Mania de feiticeiro, mestre em desmanchar teias, tramas, dramas, coisa feita e ardida paixões mal resolvidas, armadilhas da solidão. Vontade de esculpir versos, de deixar janelas abertas, terapeutas da alma que implora, por caminhos, clareiras, enredos, que tragam paz ao coração. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
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