NA MISERICÓRDIA DO PAI
NALDOVELHO De que adianta cercear-me o caminho, se o meu andar é em desalinho e por conta de tantos desatinos, sou mestre em abrir atalhos? De que adianta cegar-me os olhos, se ainda assim eu percebo o inimigo, a tocaia, o perigo, o abismo e todas as armadilhas da estrada? De que adianta encher-me de chagas, se ainda assim eu prossigo a erguer com minhas mãos um abrigo e a colher desta terra a semente? De que adianta abrasar-me nas chamas, se ainda assim meu coração permanece e o amor que eu tenho prevalece sobre todo e qualquer drama? De que adianta ceifar-me os versos, se ainda assim eu te proponho o alimento, o aconchego e o remédio que irá libertar-nos os sonhos? De que adianta conduzir-me à morte, se ainda assim a existência persiste e imortal é o espírito que insiste na crença do Criador. Nada que faças me comove, nada que tentes me demove, pois sou eterno nos caminhos que eu tento e cada vez mais forte na misericórdia do Pai. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 19/05/2009
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