MANIAS
NALDOVELHO Mania de janela escancarada, qualquer vento que chegue, até os vadios invadem, vasculham cômodos, espalham pelo chão coisas faz tempo guardadas, verdades que o poeta se ilude em esconder. Mania de cometer sacrilégios, de andar pela beira do abismo, de cutucar feridas antigas, de viver fuçando escombros, de não permitir que a loucura se esconda... Sangue, suor, tabaco e aguardente. Mania de madrugadas insones, de perambular por ruas desertas, por travessas, por becos, esquinas, de tecer teias lúdicas, e de colher a palavra que existe nos recantos mais sombrios da cidade. Mania de querer ser poeta, de dissolver espinhos, farpas e cacos, de fazer do veneno um remédio, de macerar energias que imploram por significados que transcendam o poema, que façam sentido hoje, amanhã e depois. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 19/05/2009
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