NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

POEMA DILACERADO
NALDOVELHO

Por saberes, segredos, essências,
sacramentos, sagradas sementes.
Sangue, suor e saliva,
saboreados assim indecentes.
As lágrimas que eu trago comigo,
são salgadas, veneno latente.
Silenciosa e insidiosa serpente
que na tocaia sibila contente.
Um bardo a buscar um consolo
num poema feroz e indecente,
cantou cantigas de um tolo,
afogou-se em tonéis de aguardente.
Um palhaço lamenta e chora
a desdita de um ser tão descrente.
A poesia que eu trago comigo
já não jorra da mesma nascente.
Profanei os meus templos, faz tempo,
naufraguei bem próximo ao cais,
soçobraram os meus sentimentos,
só restaram alguns poucos ais.
Saberes, segredos, sementes,
sangue, suor e aguardente,
gotejando do canto dos lábios,
letras frias demais!
A poesia que restou sem abrigo,
versos tortos paridos gemidos,
só destoam e ainda que doam,
não conseguem trazer-me à paz.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 21/05/2009
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