LÂMINA AFIADA
NALDOVELHO Lâmina afiada corta a carne, expõe entranhas e sangue visguento. Mexo e remexo, exploro vísceras, mãos como pinça, extraio a dor cristalizada, faz tempo, lá dentro de mim. Extraio a saudade e a lágrima covarde, semente de outono, chorada pra dentro. Limpo o sangue, costuro o corte e em cima da mesa deposito tristezas, papel em bandeja, macero o tumor. Nasce um poema, lirismo ao avesso. Apago o abajur, já posso dormir. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 21/05/2009
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