BACANAIS "DI VERSOS"
NALDOVELHO É um tal de tropeçar em palavras expostas desordenadas por todos os cantos da casa, e toda a vez que tento disciplinadamente organizá-las, elas teimosamente frustram o meu intento e sentido, e assim sendo insistem em permanecer destrambelhadas a atormentar o poeta que desesperado implora que cessem de uma vez com a orgia que a inspiração que eu temo semeou por aqui. E o pior é que algumas delas, promíscuas e obscenas, em bacanais “di versos” acasalam-se compulsivas, às sonoridades profanas e desavergonhadamente assumidas das miscigenações desta vida e acabam por gerar melodias que dissonantes e estranhas tentam seduzir o poeta a aderir à anarquia que a inquietude que eu sinto disseminou por aqui. Ainda bem que existem as telas, paisagens de monocromáticos matizes, e mesmo que gélidas e inóspitas, concedem-me o asilo preciso na solidão que eu cultivo, e que harmoniza o poeta, permitindo, então, que eu possa prosseguir. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/05/2009
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