BANHADO A ALFAZEMA
NALDOVELHO Eu vou te fazer um feitiço e vai ser banhado à alfazema, perfume que eu gosto! Vai ser feito em noite de lua crescente que é pro o amor que eu pretendo, crescer até não mais poder. E vai ser feito ao som de um blues, para que possas perceber o tamanho da minha dor. Eu vou te fazer um encantamento e vai ser de longo e delicado preparo. Vai ter monsenhor branco, uma garrafa de vinho tinto e outra de vinho branco, castiçais com velas acesas, penumbra aconchegante de um quarto, e poesia, muita poesia! Vai ter ponta de dedos acariciando teu corpo, roçar suave de dentes no bico dos seios, lábios e mãos dedicadas... preliminar do orgasmo. E o suor do seu corpo misturado ao suor do meu corpo, e muita, muita ternura, sem ela, este tipo de feitiço, não vinga, não pode sobreviver. Eu vou te fazer um feitiço, um que me faça capaz de entranhar-me ao teu corpo e assim entranhados, possamos dançar de um jeito visceral e indecente; primeiro com passos lentos e suaves, depois, em crescente, apressados, mais rápidos, intensos e aconchegados, até que se derrame o prazer. Eu vou te fazer um feitiço, um que seja capaz de deixar marcado em teu corpo o meu gosto, coisa para nunca mais esquecer. E vou fazer-te só minha e garanto: para que fiques bem amarrada, enfeitiçar-me também! A chave para desfazer o feitiço? Vai estar num compartimento guardada, mais para o lado esquerdo do peito, lugar de tão difícil acesso e segredo que nem eu mesmo possa encontrar. E vai ser pra valer! E só há um jeito de não acontecer: é olhando bem dentro dos meus olhos dizeres que não quer o meu bem querer. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/05/2009
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