UM ANJO CAÍDO
NALDOVELHO Um anjo caído invadiu minha casa, abriu meus armários, mexeu nas gavetas e espalhou pelo chão meus guardados. Rasgou poemas e livros, aranhou antigos discos de vinil e jogou pela janela todos os meus CDs. Não satisfeito: comeu da minha comida, bebeu da minha bebida, vomitou no tapete, e dormiu embriagado na poltrona da sala. Ao amanhecer de ressaca e mal humorado, avisou que de agora em diante seria assim, pois tudo aquilo que eu pensei que me pertencia, não era, realmente, meu por força de lei. E se eu não me desse por satisfeito, que arrumasse minhas malas e fosse morar em outra casa, melhor seria num outro país, e que lá escrevesse novos poemas, comprasse novos livros e CDs. Na vizinhança corre o boato que outras casas foram invadidas e que a polícia, por serem anjos, em nada poderia ajudar. Que país é esse que querem que eu vá morar? Eu mal sei falar português! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/05/2009
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