A DOR QUE EU TENHO
NALDOVELHO As horas que passam, tão lentos os dias. Vidraça embaçada, a chuva tão fria. Respiração afrontada denuncia o cansaço. O peso dos anos e dos muitos enganos. A pele ainda é fina, esgotaram-se os planos. As cicatrizes incomodam, medalhas que eu trago, pelas muitas batalhas e pelas poucas vitórias. Alguns raros poemas decifram dilemas e nas minhas entranhas sobrevive um teorema, equação tão estranha a revelar uma incógnita, tipo, decifra-me ou te devoro! Infinitas escolhas a aumentar meu desânimo. A chuva ainda é fria e a cidade cinzenta, molhada e sonolenta, como o passar das horas, das horas que eu temo... E a incógnita prevalece na inquietude que eu tenho. Muitos poemas, guardados, calados, revelam a dor que eu trago comigo: dor de poeta que se fez solitário, dor de criança que perdeu a inocência, dor de um homem que não venceu os seus medos e que sabe que ainda é pouca a bagagem que conseguiu acumular. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/05/2009
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |