CANTO FERIDO DA TERRA
NALDOVELHO Cheiro de terra molhada, orvalho abençoando a madrugada? Pura nostalgia! Faz tempo, a secura dos dias impede que se processe o encanto da primavera. E assim padeço, agonizo, por conta de feridas profundas cicatrizes ardidas, corrosivas. E o que restou? Um leito seco onde outrora era um rio, cinzas espalhadas pra todo o lado, galhos retorcidos, queimados, e um certo ar de desesperança por conta da ignorância dos homens que nunca respeitaram o seu chão. O ciclo sagrado da terra? Perdido por entre queimadas. Quem sabe um dia, das entranhas, eu possa ressurgir renovada? Quem sabe o homem que restou e que tanto hoje chora tenha aprendido a lição? Enquanto isto, em seu bolso, eu percebo, um punhado de sementes de trigo. Um fio de esperança de um dia voltar a semear? NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 23/05/2009
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