BEIJA-FLOR AFOGADO NO MANGUE
NALDOVELHO Chuva que chove por dentro, vidraça embaçada por fora e um vento virado do avesso derrama meus sentimentos. E a esfinge se ajoelha e chora, segredo revelado faz tempo, e o homem apressado nem olha, não há nada de novo nas horas. Um menino sofrido e sozinho, beija-flor afogado no mangue, a roseira que eu trago comigo tem espinhos manchados de sangue. Um cão pachorrento implora pelo fogo do firmamento, pois é lenta a marcha das horas, soterradas nos constrangimentos. E um tango ardido me chama, nostalgia que eu temo se assanha, luz da lua machuca as entranhas, magia passional e profana. Agora chove aqui dentro e lá fora e no derrame dos meus sentimentos, jorram versos que eu ouso e penso, são poemas virados do avesso. Beija-flor afogado no mangue. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 23/05/2009
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