NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

PENÚLTIMA CASA A DIREITA
NALDOVELHO

Casa branca, assobradada, muro de pedras, gradeado,
penúltima casa, segundo quarteirão,
lado direito, sentido de quem desce.
Na janela, meninas bonitas sorriem pra mim.

Águas, riachos, quintais, frutas tenras,
manga rosa carnuda e gostosa, jambo, sapoti,
peitos, algumas pêras, alguns melões!
Colos encharcados, coxas quentes,
cerejas presas entre as dentes,
morangos molhados entre as pernas,
suor, pele, e um tipo de orvalho, aquele cheiro...
cabelos, pêlos, fiapos, que diacho!
Fiquei todo lambuzado, baba de moça e caqui.

Amanheço sem alarde, meio bêbado, meio louco...
O poeta gosta de se atolar até o pescoço!
Ou então, de ser seduzido por canto doído de sereia,
de sentir presas cravadas em suas veias
e unhas lascadas, espetadas em suas costas.
Mania de tecer teias, alimento de aranha.
O poeta gosta de areia movediça

Na esquina, encruzilhada, bar aberto,
manhã cedo, café bem quente, chega de aguardente!
Casa ao lado, muro de pedras, gradeado,
já não correm águas de um riacho,
e as meninas dormem um sono justo,
cadeado no portão, cães ferozes de vigília.
Rua das Professorinhas, número cinqüenta e quatro,
penúltima casa, à direita, ao lado do Bar Solidão.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras