BICHO HOMEM
NALDOVELHO Cada ponto, cada pedra, cada trecho do caminho, tem ciladas, tem espinhos, tem o cheiro da incerteza. Lua cheia quando nasce, crescem garras, crescem presas, e eu só sei que o bicho homem ainda fere se tem medo, ainda mata se tem fome. Toda história tem segredos, toda a trama tem mistérios, marcas, rastros, seus relevos, tem fissuras, cicatrizes. Mar revolto quando chega, embarcação fica a deriva, e eu só sei que o bicho homem ainda chora se tem sede, ainda foge dos seus sonhos. Cada gota do meu sangue, cada gesto de ternura, cada ato de loucura, tem por traz a sede e a fome. Ventania quando chega, vem trazendo tempestade, e eu só sei que o bicho homem, se troveja, se esconde, e rasteja e rasteja... já nem sabe mais seu nome. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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