CICATRIZES
NALDOVELHO Portas fechadas, ruas desertas, nenhuma conversa, janela entreaberta, silêncio inquietante em quarto minguante, e o meu telefone se toca, é engano. Cidade vazia, distante e perversa, sobrou o perfume e um livro estranho, cidade dos anjos, caídos, sem sonhos, de asas cortadas não ousam voar. Sobrou um poema de versos profanos e na madrugada vazia de planos, um bolero arrastado, um blues e um tango avisam que o dia ainda custa a chegar. E mais uma dose de pura aguardente, a sede que eu tenho já faz tantos anos, cicatrizes que eu trago, a maioria latentes, algumas ardidas ainda sangram se toco, outras antigas exibidas nos olhos, vez por outra ainda choram se insisto em lembrar. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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