FERIDA DE MORTE
NALDOVELHO Ferida de morte a palavra se contorce, se arrasta e agoniza. E num último alento, desanimada, nos avisa: faltam ainda escassos poemas, sentimentos confessos a serem materializados em versos, epitáfios, doloridos, perversos, que eu nem sei se valerão a pena. Melhor nem serem lidos! E se lidos, melhor não levá-los a sério, pois as letras se dispõem raivosas, embaralhas e teimosas se negam a nos mostrar solidárias, os seus mais preciosos segredos. E por tudo que acredito sagrado, eu me recuso a desentranhar-lhes meus medos. Melhor seria então o silêncio, pois sem nexo se fez o enredo que por piedade precisa ser desfeito. O que será do poeta que não encontrou a chave da porta? O que será do poeta que na vida não mais se importa? O que será do poeta que não consegue abrir as janelas? Sei não! Epitáfio nenhum tem sentido com as letras, desta forma, indispostas. Por que a palavra foi morta? Por que tamanho castigo? NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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