NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

FERIDA DE MORTE
NALDOVELHO

Ferida de morte a palavra se contorce,
se arrasta e agoniza.
E num último alento, desanimada, nos avisa:
faltam ainda escassos poemas,
sentimentos confessos a serem materializados
em versos, epitáfios, doloridos, perversos,
que eu nem sei se valerão a pena.

Melhor nem serem lidos!
E se lidos, melhor não levá-los a sério,
pois as letras se dispõem raivosas,
embaralhas e teimosas se negam
a nos mostrar solidárias,
os seus mais preciosos segredos.
E por tudo que acredito sagrado,
eu me recuso a desentranhar-lhes meus medos.

Melhor seria então o silêncio,
pois sem nexo se fez o enredo
que por piedade precisa ser desfeito.

O que será do poeta
que não encontrou a chave da porta?
O que será do poeta
que na vida não mais se importa?
O que será do poeta
que não consegue abrir as janelas?

Sei não!
Epitáfio nenhum tem sentido
com as letras, desta forma, indispostas.
Por que a palavra foi morta?
Por que tamanho castigo?

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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