VERSOS ENLOUQUECIDOS
NALDOVELHO Não quero o verbo amarelado em versos de mel encharcados, prefiro os de vinho tinto, rascantes e embriagados, por madrugadas insones, ruas de uma cidade deserta, ou então os sujos de sangue, ardidos e amarrotados. Não quero o verbo perfeito em versos bem lapidados, prefiro os cheios de arestas que incomodem minhas entranhas, inquietude bendita, já faz tantos anos, farpas, cacos de vidro, espinhos espetados, doídos, que eu macero e transformo em poemas. Não quero flores perfumes pássaros enamorados, queixumes, prefiro versos enlouquecidos, Bill Evans num piano perverso e garrafa inteira de absinto, pois das suas garras, eu ainda me lembro! deixaram cicatrizes medalhas, volta e meia costumam sangrar. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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