CRISTAL LAPIDADO
NALDOVELHO No rumo dos ventos, criei um desvio, forjei corredeiras, lado esquerdo de um rio, desci cordilheiras, naufraguei em teus braços, soçobraram pedaços dos versos que eu faço. No rumo das águas, rolei ribanceiras, fiz tantas besteiras, parei por cansaço, sagrei sentimentos paridos faz tempo, lutei com moinhos, fui meu desatino. Dormente de trilho, Maria Fumaça! Sou pedra, sou filho das Minas Gerais, cristal lapidado colhido sem pressa, se toco ou espremo, queima demais. Na dança do tempo, espalho sementes, cigarro de palha, cachaça madura, razão e loucura, pedaços de versos, janelas abertas, liberto os meus ais. E em noite de outono, viola ainda chora, nostalgia que bate e me tira do sério, sou farpa espetada, saudade que implora, vez por outra ainda sangro e quero ir embora, Dormente de trilho, Maria Fumaça! Sou pedra, sou filho das Minas Gerais. Cristal lapidado colhido sem pressa, se toco ou fricciono, queima demais. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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