ESTIAGEM ESTRANHA DA ALMA
NALDOVELHO Há dias em que a poesia, como água, escorre entre os dedos e em silêncio recusa os enredos, gasturas que a vida nos traz. Dias de calmaria, nascidos na indiferença dos tolos, alimentados pela inutilidade das horas, plenos de nem sei bem o porquê? Há dias em que o coração desgastado pela dança do tempo, sussurra frases vazias e já nem quer saber até quando. Dias de recolhimento e clausura, por achar que depois daquela porta as pessoas anestesiadas não percebem a dor que lhes fustiga a alma. Há dias que acontecem nublados, ausência de chuva ou de vento, onde até o sol vai-se embora antes do entardecer. Dias e noites vazias e o coração do poeta nem se importa, já não quer saber até quando, ou se amanhã o sol vai nascer. Há dias... melhor esquecê-los! Dias que, na verdade, não contam! Estiagem estranha de um louco que de repente recusa o sonho. Há dias em que a poesia, como água, inunda o poeta, que mesmo contra sua vontade, sobrevive... só não sei até quando! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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