VERSOS DESGOVERNADOS
NALDOVELHO Não quero a poesia aprisionada em rimas óbvias e evidentes, em métricas fieis carcereiras, a impingir-me tantas besteiras, pois enclausurados os versos, já não me sinto um poeta e confesso: calo-me diante da opressão. Não quero estar manietado a regras, que ditem caminhos ou fórmulas, pois no poeta tudo é incerto. Paixão que se contém oprimida explode em constrangimentos, deixa um vazio por dentro e cala a inspiração. Prefiro os contrastes da vida em linhas desgovernadas que exponham no corpo as feridas dos desencontros, das horas perdidas, da nostalgia de um entardecer solitário, ou de uma madrugada plena de insônia, dissonância que brota tamanha, descompassos do meu coração. Prefiro versos de chuva, ou de um pistom demenciado em surdina, de caminhadas solitárias, sem pressa, por trilhas em desalinho, pois em algum lugar desta estrada eu sei, vai ter dor de partida e vão brotar versos urgentes por sentimentos que se mostrem ardidos, pois insólita é esta nossa viagem na poesia que transcende o poema, em palavras que se mostrem dispostas a seguir caminhos opostos e de falares bem controversos. Pois nada que eu faça vale a pena, sem o atritar desmedido da busca pela compreensão. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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