TRAGICOMÉDIA
NALDOVELHO Estreitas passagens impedem a viagem, retardam o regresso do pecador, confesso, que envolto em chamas busca e clama pela misericórdia do perdão. Promete reformas, se empenha e ora e diz que agora vai ser diferente. Enroscada num canto a serpente observa, sibila satisfeita, sorri de prazer. É muito o veneno que ainda existe em seu ser. A platéia entretida assiste ao espetáculo, querubins pervertidos, excitados pedem bis. Estranho personagem que em insólita viagem, rasteja pelo palco, comete bobagens, embriaga-se do veneno, interpreta um selvagem e iludido pelo aplauso se diz um aprendiz. Na coxia, excitado, um arcanjo safado ri do infeliz. São muitas as teias, são muitos os dramas, coadjuvantes reclamam melhor papel nessa trama e revoltosos proclamam o fim do espetáculo. A platéia silencia, não entende o enredo, não percebe que a morte é a grande atriz. E o nosso personagem sai às pressas do teatro, vai a busca de um outro palco onde possa ser feliz. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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