A ALGUÉM VISCERALMENTE POETA
NALDOVELHO Como te definir num poema? Se quando eu te percebo tal qual vinho tinto encorpado, amadurecido e rascante, tu me surges, vinho branco, suave, licoroso e inebriante e me faz beber até desfalecer. Se assim como que por encanto, de tempestade varrendo a cidade, tu invades meu quarto, feito brisa cálida e macia e abusadamente me acaricia até não mais poder? Como te definir num poema? Se és tigresa de afiadas presas, mas que enroscada em mim adormeces em sutilezas e sonha ronronando de prazer? Como definir um sonho? Não tenho tal poder! Como te retratar em meus versos? Se, enlouqueço ao te ver, confesso! E cego de paixão nada consigo escrever. Como encontrar rimas tão ricas? Se a riqueza maior que eu tenho é estar irremediavelmente preso ao teu ser. Como te descrever tal qual um anjo? Se em minha cama tu me possuis enlouquecida, um demônio, que entranhada me bolina e alucina, e me possui tão tirana de um jeito assim tão sem-vergonha, e exige de mim toda a seiva que eu possa te oferecer. Como definir alguém tão visceralmente poeta, tão visceralmente inquieta? Que se apaixona por mim, um homem sem rumo, nem prumo, que nem é capaz de te merecer. Sei não! Melhor não ousar um poema, melhor dizer, apenas, te amo! Mais... Não conseguiria fazer. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 27/05/2009
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