NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

ESTRANHO RITUAL
NALDOVELHO

Fio, pavio, chama...
Velas acesas espalhadas pelo quarto.

Roupas amarrotadas amontoadas num canto.

Na mesa de cabeceira o retrato dela.
Na cômoda, perto da janela,
a imagem do um santo:
São Sebastião do Rio de Janeiro.
No pescoço: cordão e crucifixo.

E um olhar perdido, voltado para a janela,
percebe sombras, ruas, noites, esperas.

Um perfume suave toma conta do ambiente.
Uma vitrola antiga toca um disco da Gal.
Baby! Te amo, te amo, te amo.

O tecido esgarçado, apesar de cerzido,
mostra uma história com muitos desencantos.
Dor de ferida que corrói as entranhas.
Uma nostalgia estranha toma conta das horas
e as velas permanecem acesas.

Muitas sombras passeiam pelo quarto.
Estranho ritual!
Saudade, nostalgia, desencanto,
tudo regado à aguardente...

Gal ainda canta: Força Estranha!
Estranho ritual.

Fio, pavio, chama...
Velas acesas incendeiam o quarto.

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 27/05/2009
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