ESTRANHO RITUAL
NALDOVELHO Fio, pavio, chama... Velas acesas espalhadas pelo quarto. Roupas amarrotadas amontoadas num canto. Na mesa de cabeceira o retrato dela. Na cômoda, perto da janela, a imagem do um santo: São Sebastião do Rio de Janeiro. No pescoço: cordão e crucifixo. E um olhar perdido, voltado para a janela, percebe sombras, ruas, noites, esperas. Um perfume suave toma conta do ambiente. Uma vitrola antiga toca um disco da Gal. Baby! Te amo, te amo, te amo. O tecido esgarçado, apesar de cerzido, mostra uma história com muitos desencantos. Dor de ferida que corrói as entranhas. Uma nostalgia estranha toma conta das horas e as velas permanecem acesas. Muitas sombras passeiam pelo quarto. Estranho ritual! Saudade, nostalgia, desencanto, tudo regado à aguardente... Gal ainda canta: Força Estranha! Estranho ritual. Fio, pavio, chama... Velas acesas incendeiam o quarto. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 27/05/2009
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