NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

AINDA QUE SEM SENTIDO
NALDOVELHO

Um laço, um nó, um embaraço,
um emaranhado de linhas largadas
num canto de um quarto.

Perdi o fio faz tempo,
só preservei o pavio,
ainda que sem sentido,
pois até a pólvora que eu tinha
o vento soprou e levou.

Um aglomerado de coisas,
entre elas papeis rabiscados,
esboços de imagens, bobagens,
versos doídos, saudades.

Guardei também muitos discos,
apinhados num canto da casa.
Ainda que sem sentido,
pois até a vitrola que eu tinha
a danada da vida quebrou.

Um trinco, um cadeado emperrado,
a porta do quarto trancada,
móveis e utensílios sem uso,
poeira, ferrugem, passado.

No quintal uma velha goiabeira,
um pé de amora e um balanço...
Ainda que sem sentido,
pois até a criança que eu tinha
o tempo inclemente matou.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 28/05/2009
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