MINHA VIDA
NALDOVELHO Minha vida, feito sábia, tece teias, traz mistérios, diz que a pele que me cobre, ainda que, hoje, enrugada, é a armadura apropriada que Deus pode ofertar. E que a viscosidade deste sangue, que entope minhas veias, vem por conta de estiagens, inquietudes e gasturas, por viagens, descobertas, coisa própria de poeta, tão teimoso, coisa incerta, que custou tanto a crescer. Enxugo os olhos, que bobagem! Madrugada corre solta, e eu não sei seu endereço, e desconheço o seu apreço. As notícias que hoje eu tenho são confusas, qual novelo que um gato embaraçou. E as teias, meus enredos, coração ainda apronta, vez por outra ele tropeça, e não há nada que o impeça de morrer de bem querer. Café forte e encorpado, acrescido de um cigarro, saio às ruas meio tonto, disfarçando o meu intento, se bobear ainda agüento amanhecer nesta cidade, e apesar da chuva fria, apesar da maresia, ainda creio em você. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 28/05/2009
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