O POUCO QUE EU SEI
NALDOVELHO Sei dos caminhos que nos levam à loucura e das trilhas, abismos, armadilhas. Sei do sangue coagulado sobre a ferida e da dor na cicatriz quando mexida. Sei do inverno no silêncio do meu quarto, e das lágrimas, quase sempre não disfarço! Sei das ruas, vielas, esquinas desertas, insônia insistente, madrugadas incertas. Sei do amigo que se recusa ao abraço, chuva ácida poluindo o riacho. Sei dos esboços, dos rascunhos, dos sonhos, projetos engavetados, lado esquerdo, tristonhos. Sei do livro de contos inacabado, faz tempo não pego, tenho medo do estrago! Sei que o tempo tece teias estranhas, corpo cansado, sou presa indefesa da aranha! Sei que amanhã vou acordar setembro, se me lembro: primavera, flores, temperatura amena! Sei que no final deste caminho, existe um outro. Sei da pedra, do limo, das raízes e da solidão. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 28/05/2009
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