ESTIAGEM
NALDOVELHO Estiagem de versos, securas, ardências, de noites sem lua, que envergonhada se esconde. Para onde foi a amante, a musa indecente? E poeta romântico por onde se esconde? Poemas estranhos, cristalizada a essência, as teclas do piano, emudecidas, não soam... Gasturas da vida, calmaria dos ventos. A lágrima que não escoa, que vacila reticente. O sonho de um tolo, já não se faz mais urgente. E os segredos de alcova confessados entre os dentes? São sussurros doídos, grunhidos latentes. Por onde andará a poesia que brotava em vertentes? Quem sabe da semente lançada ao vento? Procura-se um tempo de prendas, presentes, de novembros tão fartos e desavergonhadamente tão quentes. Procura-se um romântico e um coração descuidado. Procura-se um tolo, um poeta descrente. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 29/05/2009
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