BUSCA
NALDOVELHO Busco na força dos ventos a semente do furacão que assola, faz tempo, minhas entranhas e na chuva que brota macia as raízes da tempestade; águas que eu teimo e choro toda a vez que sinto saudade. Busco no silêncio que permeia a tarde, a razão da inquietude que eu temo e no veneno da mais insidiosa serpente, o remédio para a dor de uma paixão. E no hálito quente da noite busco matar minha sede, gasturas herdadas de um tempo de muita loucura e aguardente; sangue, suor, solidão. Busco nas madrugadas insones o remédio pra dor que alucina e nas ruas repletas de sonhos a coragem dos poetas, dos tolos, e nos poemas que eu teimo e faço, as chaves da minha redenção. E ainda que nublada a cidade, e ardida a verdade que ruge, nada impedirá que eu me encontre, pois cicatrizados os cortes que sangram e convertidos os demônios que assombram; escreverei num epitáfio a verdade: ainda estou tão distante, muito ainda tenho que aprender. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 30/05/2009
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