VERSOS PERENES
NALDOVELHO Quando eu escuto, no agitar incessante do vento, o assobio inclemente lá fora e percebo as folhas caídas atingidas pelo outono que aflora, percebo também na solidão do meu quarto a espera enervante das horas e complacentemente me aquieto e oro. Peço a Deus que as minhas reminiscências se mantenham vivas, ainda que latentes, que as minhas lágrimas sejam discretas, porém sempre presentes e que mantenham o poeta vivo. Peço também, que toda a espera seja premiada por muitos poemas, testemunhos dos meus sentimentos. Quando escuto, em minha memória, o dedilhar no piano a tanger cordas de enganos, percebo que as notas imploram por harmonias que soem urgentes, numa melodia que se mostre a vertente de um amor que sobreviveu ao tempo, por mais forte que tenha sido o lamento, pois só assim terá valido a pena alquimizar em mim toda a dor. E uma vez mais me aquieto e oro, pedindo a Deus que preserve do lado esquerdo do meu peito, um coração capaz de se abrir sem pudores ou constrangimentos. Peço também que os meus passos, não importa em que firmamento, trilhem sempre caminhos completos e que eu consiga preservar em meus versos, a crença que tenho na vida que sempre valerá a pena ser vivida, e que eu possa sempre honrar o meu dom. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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