NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

DISFARCES
NALDOVELHO

Queria poder disfarçar a dor,
como não posso, só me resta sorrir.
E então, como por esforço ou teimosia,
quem sabe até por pura fantasia,
caminho de olhos bem abertos,
na busca de um bálsamo para as feridas
e de uma cura para o desencanto.

Queria poder disfarçar a lágrima,
como não posso, só me resta o verbo,
para que todos possam ver
que o que hoje eu choro,
choro em forma de versos,
copiosos poemas que falam
de quem ousou desafiar o destino
e, ao reescrevê-lo por sua conta e risco,
paga o preço da insensatez.

Queria poder disfarçar o peso dos anos,
como não posso, mantenho a chama acesa,
janelas abertas, e muita certeza
de que em minha bagagem carrego
a sabedoria dos magos, a pureza dos anjos
e o mapa que me permitirá o caminho
que me tirará, uma vez por todas,
do exílio e me permitirá o retorno
ao meu ninho, ao meu lar.

Queria poder disfarçar meus enganos,
como não posso, mantenho a palavra ofertada,
desde quando lançado em desterro,
condenado que fui por meus erros,
a aprender com a existência,
que o perdão é só uma falácia,
uma palavra solitária e sem graça,
quando não vem embrulhada
em amor e compreensão.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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