DISFARCES
NALDOVELHO Queria poder disfarçar a dor, como não posso, só me resta sorrir. E então, como por esforço ou teimosia, quem sabe até por pura fantasia, caminho de olhos bem abertos, na busca de um bálsamo para as feridas e de uma cura para o desencanto. Queria poder disfarçar a lágrima, como não posso, só me resta o verbo, para que todos possam ver que o que hoje eu choro, choro em forma de versos, copiosos poemas que falam de quem ousou desafiar o destino e, ao reescrevê-lo por sua conta e risco, paga o preço da insensatez. Queria poder disfarçar o peso dos anos, como não posso, mantenho a chama acesa, janelas abertas, e muita certeza de que em minha bagagem carrego a sabedoria dos magos, a pureza dos anjos e o mapa que me permitirá o caminho que me tirará, uma vez por todas, do exílio e me permitirá o retorno ao meu ninho, ao meu lar. Queria poder disfarçar meus enganos, como não posso, mantenho a palavra ofertada, desde quando lançado em desterro, condenado que fui por meus erros, a aprender com a existência, que o perdão é só uma falácia, uma palavra solitária e sem graça, quando não vem embrulhada em amor e compreensão. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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