COMPREENSÃO
NALDOVELHO Tracei com um compasso uma circunferência e dentro dela semeei palavras plenas, cuidei que enraizassem para que depois de frutificadas, pudesse eu colhe-las tenras, de suave fragrância e doce sabor. Colhi a palavra ternura e a palavra carinho à cada gesto de amor. Passado algum tempo, assim, como, por acaso, percebi quê, por ali, também brotavam apesar do cuidado e trato, palavras ácidas, amargas, ásperas, que por mais que eu lhes recusasse a colheita, espalhadas pela circunferência, formavam frases estranhas, numa tentativa de versos, que eu chamaria de perversos, pois ervas daninhas que eram teimavam em mostrar solidão. Ainda bem que as palavras plenas, inquietas e em espírito insurretas, numa manhã bem clara de dezembro, acasaladas que estavam geraram palavras derradeiras em versos, num poema intitulado compreensão. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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