NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

INCOERÊNCIAS
NALDOVELHO

Trago as costas arqueadas pela força do chicote
e o risco da navalha desenhado em meu rosto.
Trago flechas encravadas espalhadas pelo corpo
e as mãos ensangüentadas pela dor de tanto esforço.
Trago a lágrima chorada na plenitude dos meus ais
e no peito a certeza de chorar ainda mais.
Trago a pele já curtida por caminhos, invernadas
e o demônio aprisionado, companheiro de jornada.
Trago o santo e o obsceno em batalhas desmedidas
e a sanha desta vida por atalhos, despedidas.
Trago a escolha de um rumo, conseqüências, incertezas
e perda eminente por ter sido incoerente.
Trago lábios encharcados de sorrisos e ternuras
e nos versos o veneno, a inquietude e a loucura.
Sou poeta, sou cigano, eremita, vagabundo,
coisa incerta e descoberta pelas trilhas deste mundo.
Ventania, correnteza, mar bravio, aspereza,
água pura e aguardente, sangue frio e sangue quente.
Sou deserto, sou oásis, sou procura, sou viagem,
sou espinho que arranha, sou verdade, sou miragem.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 31/05/2009
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