DIA NUBLADO
NALDOVELHO Dia nublado, manhã chuvosa, janelas abertas pro desassossego. As ruas desertas, o mês é dezembro, o telefone não toca, escrevo uma carta, é quase um poema, é quase um lamento. A maresia da orla invade o meu quarto, o som de uma música, o dedilhar de um piano, lembram tantos planos e os meus desenganos. A campainha da porta estridente que toca, é só o porteiro trazendo cobranças, é só o desterro nesta cidade nublada. Teu nome é distância, que às vezes sufoca, teu nome é ausência, não sei se te importa? Ainda te amo, não sei se te quero, não sei se te espero ou me desespero, teu nome é demora que não vai embora. Tomar um café, fumar um cigarro. Ligo o rádio e o que presta não toca, Ainda bem que não toca, se não eu choro! Melhor ir embora, melhor esquecer, procurar outro lugar onde eu possa viver, pois neste ambiente persiste o teu cheiro. E o dia prossegue, e a chuva insistente, continuo um descrente, um poeta, um tolo que se alimenta de versos, cantigas, memórias; que não percebe que o sol já se pôs, vida que segue e eu não consigo te esquecer. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 01/06/2009
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