DIAS SOMBRIOS
NALDOVELHO Dedicado a todos aqueles que pereceram em conseqüência de atos terroristas Dias sombrios, enlameados, visguentos. A lâmina afiada expondo as entranhas, dantesca é a visão de um corpo por dentro. A vida mutilada por forças tamanhas e um grito de dor arranha os ouvidos. O medo estampado num rosto ferido, estranho concerto, sinfonia do caos. O momento presente espremido em meus braços, misturado ao sangue de um infeliz mensageiro, imagem contorcida de concreto e aço e uma criança a implorar pelo seio da mãe. Um anjo assiste a tragédia que existe, no fanático que colérico esbraveja e insiste em dizer que a chama depura e renova e que ao mártir será reservado a companhia de Deus. Quem foi que abriu os portões do inferno? Quem foi que soltou o cão raivoso? E a lâmina afiada prossegue nervosa a expor as entranhas de um homem sincero e de um inocente palhaço que padece em meus braços. Quem se atreverá a escrever num poema um epitáfio voraz que dê crédito ao homem pela libertação do tinhoso? Quem sabe o que a Misericórdia de Deus possa nos reservar? Longa é a estrada do ranger de dentes, centil por centil Ele há de cobrar. Ainda bem que um outro anjo se martirizou no esforço de tentar com os seus atos o caminho da Paz ao ousar um poema que traduzisse o desgosto daqueles que ainda crêem no que o amor possa dar. Longa será a seara de um dos Homens do Caminho que no dia de hoje retornou ao seu Lar. Dedicado a todos aqueles que pereceram em conseqüência de atos terroristas NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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