EM CIMA DA MESA
NALDOVELHO As portas, os trincos, as trancas, tramelas, janelas fechadas, carências, esperas, fiquei tão sozinho, estranha quimera. Junto ao abismo construí o meu ninho, maresia que rola corrói as entranhas e o vento que bate apaga a chama. Nostalgia tamanha, incomoda e arranha. O som de um piano, harmonia de enganos, dissonâncias que a vida deixou de presente, ainda as guardo comigo, todas latentes. Cortina entreaberta, penumbra ambiente, o rádio ligado, melodia estranha, um poema com versos inquietos, profanos. A campainha que toca, provável engano. Faz tempo eu mudei, não avisei a ninguém! Vivo trancado, só que ainda não sei. Do caminho, passagem, perdi minha chave! As lágrimas que eu tenho, conservo-as acesas, e os muitos guardados revelam tristezas, e os muitos poemas testemunham a cena. Testamento que eu deixo em cima da mesa. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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