NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

CONTRA A MARÉ
NALDOVELHO

Solitária nascente, gotejando sementes,
construir o presente no ventre de uma mulher.

Filetes de pedra, mais parecem espinhos,
cristalinas escarpas, fronteiras em desalinho.

Eu vi um menino a escalar a montanha
e a escrever com as mãos o seu próprio destino,
braço de um rio a sagrar o seu curso,
navegar, navegar, descobrir o seu ninho,
aportar, lançar amarras, alterar meu destino,
fazer do amor que floresce a razão dos meus sonhos.

Poderosa enchente que a tudo renova...
Adernar, naufragar, me afogar em delírio,
descobrir que a dor impulsiona o ser.

Desgovernado que seja, alterar o meu curso,
ver mar raivoso ser a foz de um rio,
e uma velha embarcação resistindo ao açoite.

Prosseguir mar afora, peregrino e vadio,
pela força dos ventos, da saudade e do cansaço.

Eu vi um menino, sobrevivente dos tempos,
a escrever com as mãos o seu próprio destino,
a procura de um norte, a desafiar a própria morte;
suas mãos calejadas por lutar contra a maré.
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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