MANHÃS
NALDOVELHO Manhã sonolenta, grudenta, visguenta. Acordar atrasado, a insônia é um estrago, que perturba o poeta que nunca se aquieta, que rola na cama povoada de enganos, travesseiro suado de dor e abandono. Manhã tão nublada, de chuva miúda, café feito às pressas, cigarro amargo, janelas abertas, ruas desertas, o rádio ligado, noticiário das sete, não traz a notícia que eu quero escutar. Manhã tão estranha, molhada de inverno, recebo uma carta postada nos longes, um folheto, um prospecto, um postal, um bilhete: palavras tão poucas que dão conta que a chama permanece acesa lá dentro de nós. Manhãs de agosto, já fiz minhas malas, não demoro em viagem, vou ali, volto já., a tempo de ver primavera chegando, manhãs de outubro, povoadas de sonhos, de coisas tão plenas, poesia no ar. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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