MEU JEITO DE SER
NALDOVELHO Eu vivo a catar meus cacos e pacientemente os remendo, nem sempre bem remendados, às vezes mal encaixados, às vezes falta um pedaço, mas ainda assim dá para viver. Quando eu me recolho feito eremita, busco a energia da fonte, busco curar as feridas, desencravar do espírito os espinhos, pois por mais doloroso que isto seja, eu quero continuar a crescer. Por isto resisto ao ocaso, fazendo com que a minha face enrugada possa te parecer sorridente e por Deus! Preservo um olhar bem safado a denunciar o ser que existe e que ainda vai demorar a morrer. Quando vou ao passado rever minhas histórias, meus guardados, é para dissolver minhas mágoas, destilar meus lamentos, alquimizar minha dor, de modo a permitir que o poeta possa assim ser contundente ao te dizer que vale a pena viver. É aí que surgem os poemas, versos que na realidade transpiram, palavras, emoções, sentimentos, de onde tiro o antídoto que possa imunizar as pessoas contra o desespero e o desencantamento, próprio daqueles que sofrem pela perda e por não compreender. E assim vou vivendo mantendo viva a esperança e preservando nos olhos o brilho, pois penso que a vida é um privilégio que só o amor nos fará merecer. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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