TIRA O DEDO DA FERIDA
NALDOVELHO Tira o dedo da ferida, tira as lascas de unha das minhas costas cravadas, pois toda a vez que você chama, doem e inflamam. Tira os espinhos da roseira, que vieram com a flor primeira, eles arranham e sangram! Tira o esqueleto do armário, o amuleto do pescoço e aquele retrato amarelado da cabeceira da cama. Tira as carpideiras da sala, de chorar já tão cansadas, por conta de tantas partidas. Aproveita, apaga o meu nome da pedra fria e empoeirada por tanta espera, desiludida. Tira o vestido preto e o solidéu circunspeto que você costuma usar. Tira? Tira as farpas que por tanto tempo, sem nenhum constrangimento, você lançou sobre mim. Tira o trinco da janela, chama o sol pra bem perto, arruma de vez sua cama e sorria que a vida se assanha, você nem vai acreditar! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/06/2009
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