UMA TELA NUM QUADRO
NALDOVELHO Imagens suaves ao traçar um esboço, na tela o teu sorriso vai tomando forma e gosto. Recriar o teu corpo em todos os contornos, não posso esquecer teu olhar, é o meu jeito de dizer o quanto eu te amo, te quero e preciso. Diferentes matizes e ainda um pálido esforço. Retratar-te é o meu vício, não consigo parar! Eu olho para o espelho e vejo o meu rosto, já não tenho vinte anos, quantas marcas, enganos... Vou até a janela e lá fora é novembro. Imagino-te tão bela, miragem, oásis, e ao acreditar em magia, materializo-te em meu quarto. Na tela eu já percebo um carinho absurdo, e uma saudade malvada como plano de fundo. O cigarro entre os dedos, só falta um conhaque. Conhaque eu não posso, fumar também não, só não consigo parar! Talvez se deste quadro tu saltasses da tela e ao enlaçar-me em teus braços me desse abrigo, fazendo-me querido e de fundamental importância, talvez então o tempo arrependido pelos estragos parasse de passar e deixasse voltar de presente o nosso passado... Tua imagem na tela já se faz quase pronta, alguns poucos detalhes, delicados momentos, pouca coisa nos falta para que concretizado este quadro possamos ficar nos olhando: eu aqui, só, neste quarto, preso a este nostálgico quadro, junto com minhas lembranças, tuas lembranças, minha espera e a esperança de reviver este amor. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 07/06/2009
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