NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

UMA TELA NUM QUADRO
NALDOVELHO

Imagens suaves ao traçar um esboço,
na tela o teu sorriso vai tomando forma e gosto.
Recriar o teu corpo em todos os contornos,
não posso esquecer teu olhar,
é o meu jeito de dizer o quanto
eu te amo, te quero e preciso.

Diferentes matizes e ainda um pálido esforço.
Retratar-te é o meu vício, não consigo parar!
Eu olho para o espelho e vejo o meu rosto,
já não tenho vinte anos, quantas marcas, enganos...

Vou até a janela e lá fora é novembro.
Imagino-te tão bela, miragem, oásis,
e ao acreditar em magia, materializo-te em meu quarto.

Na tela eu já percebo um carinho absurdo,
e uma saudade malvada como plano de fundo.

O cigarro entre os dedos, só falta um conhaque.
Conhaque eu não posso, fumar também não,
só não consigo parar!

Talvez se deste quadro tu saltasses da tela
e ao enlaçar-me em teus braços me desse abrigo,
fazendo-me querido e de fundamental importância,
talvez então o tempo arrependido pelos estragos
parasse de passar e deixasse voltar de presente
o nosso passado...

Tua imagem na tela já se faz quase pronta,
alguns poucos detalhes, delicados momentos,
pouca coisa nos falta para que concretizado este quadro
possamos ficar nos olhando: eu aqui, só, neste quarto,
preso a este nostálgico quadro,
junto com minhas lembranças,
tuas lembranças, minha espera
e a esperança de reviver este amor.

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 07/06/2009
Alterado em 07/06/2009
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