NALDOVELHO

POESIA É ATO DE CORAGEM

Textos

VERSOS CONFUSOS
NALDOVELHO

Em busca de um rio, nascentes incertas,
por trilhas, atalhos, estradas que eu tramo,
estreitas passagens, geladas, desertas,
contorcidas raízes, emaranhadas, sem vida,
pedras soltas, cascalhos, feridas,
sombras que tecem a tocaia que eu temo.

Suspeitas revelam, assombros, entranhas,
guardados que eu teimo, que incomodam e arranham.
Sou em mim mesmo o acerto e o engano,
um pote lacrado, de gemas, tesouros
e uma serpente sibila enroscada num tronco.

Caminhos que eu sigo na beira do abismo,
tem limo, tem perdas, tem quedas, espinhos,
essências de dor, de ausência e abandono.
Uma roseira cativa a enfeitar-me o caminho,
pesadelos que eu trago, doloridos comigo.

Águas que brotam, nascentes nas pedras
e um braço de rio me leva daqui.
Nuvens escuras me põem a deriva,
o ancoradouro nos longes, do outro lado da vida.
Navegar, adernar e depois naufragar,
o ciclo completo da terra e do mar.

Na dança dos quatro elementos que cremos,
versos soltos, confusos, tão plenos.
O fogo consome, a água redime,
a pedra acalma, aquece e abriga,
e o ar nos permeia e a tudo equilibra.

Queria encontrar num oráculo a chave
da porta que eu tenho lá dentro de mim.
Quem sabe as visões que eu sonho e proponho,
possam revelar-me um princípio e um fim?
NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 10/06/2009
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