HERANÇA
NALDOVELHO Vou deixar de herança o silêncio dos meus versos e mesmo os que já foram escritos desaparecerão por completo. Vou deixar um violão sufocado e cantigas que só eu sei, caladas lá dentro de mim. Se perguntarem o porquê? Digam que por clausura o poeta calou sua loucura e não mais ousou seus poemas. Vou deixar também telas brancas de imagens que eu nunca pintei, matizes ausentes, omissos por lágrimas que eu não chorei. Vou deixar portas fechadas, gavetas vazias trancadas, segredos não revelados, histórias que eu não contei. Vou deixar uma lacuna imensa de sementes não germinadas, de terra árida e descrente dos sonhos que um dia eu sonhei. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/06/2009
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