A CADA TEMPO UM POUCO MAIS
NALDOVELHO A contundência da palavra outubro, a delicadeza da palavra pétala, o cuidado ao lidar com espinhos, o prazer de saborear frutas tenras, a necessidade de ser pego pela paixão, a inevitável dor de quem parte, a saudade a maltratar meu coração. A exuberância da palavra dezembro, o cheiro da palavra tentação, a instabilidade desses dias tão quentes, a possibilidade de caminhos diferentes, a constatação de não resistir ao pecado, a quantidade de veneno nas veias, a dificuldade de escapar dessas teias, a vontade de viver um pouco mais. A palidez da palavra outono, a inquietude da palavra espera, a aspereza de quem adormece pedra, a incerteza de quem vive no caminho, o emaranhado que existe na trama, a procura pela palavra abrigo, a felicidade de encontrar um amigo, o alívio de estar seguro num cais. O som da palavra inverno, a fluidez da palavra essência, a luz que existe em cada amanhecer, a maciez que habita cada entardecer, a sabedoria necessária para se anoitecer, a ansiedade que inunda a madrugada., a coragem de quem atravessou tempestades, a certeza de quem sobreviveu. O milagre da palavra existência, a importância da palavra sagrado, a delicadeza da semente do trigo, o segredo do ciclo das águas, a verdade em cada trecho da jornada, a imponderabilidade da palavra tempo, o aprendizado em cada detalhe que eu vivo, a eternidade dos caminhos que eu sigo. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 02/07/2009
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